sábado, 5 de janeiro de 2013

Cloud Stories












A minha intenção para o trabalho partiu da inspiração humana em ver coisas onde elas não existem. Passo a explicar e exemplificar:
Existe no Homem a necessidade psicológica ou capacidade criativa de atribuir formas concretas a imagens abstractas. Tem como tendência auto-projectar-se no mundo que o rodeia e reconhecer em algo aparentemente comum e banal imagens próprias. Isto acontece quando um observador contempla um quadro abstracto e “vê” nele figuras humanas ou quando alguém reconhece, por exemplo, rostos nas nuvens.
O meu método de trabalho perante este assunto partiu de uma recolha de elementos fotográficos, cujas imagens foram usadas como estímulo ao surgimento do desenho.
Desta forma, estou também a dar continuidade a um género de desenho relaxado e quase inconsciente que me tem vindo a interessar ao longo do meu percurso individual – os doodles. Esses desenhos surgem do aborrecimento e da tentação do papel, por exemplo à beira do telefone, que induz ao acto de riscar alheadamente.
Os desenhos resultantes de todo este processo pretendem, por sua vez, estimular a imaginação do observador, levando-o a criar a sua história.












Título - Cloud Stories




Autora - Ana Neves




Técnica - Esferográfica s/papel




Data - 2006/2007

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Narcissic Private Eye




Título - Narcissic Private Eye
Autora - Ana Neves
Técnica - Fotografia s/papel
Data - 2007


Nas duas imagens os vectores visuais dirigem-se para a imagem reflectida no espelho, assumindo esta, destaque, relativamente ao envolvente. O espaço apresentado é reduzido, no intuito de provocar uma circunstância de proximidade e intimidade.
“Narcissic”, cuja tradução para português significa narcisico remete para o carácter contemplativo da autora sobre si própria. A minha intenção consistiu numa representação segundo este ponto de vista. Levei a ideia do narcisismo ao extremo, chegando ao momento em que a minha imagem se passa a reflectir sobre objectos do quotidiano, neste caso uma chávena de chá. Deste modo pretendi transmitir uma certa alienação da parte de quem se projecta em tudo o que o rodeia, o que acaba por ser também uma pequena paródia. As palavras narcisismo e narcótico derivam da palavra grega “narke”, que significa entorpecido.
A lenda de Narciso contada por Ovídeo narra a história da ninfa Eco e da sua paixão por Narciso. Este era muito belo e, sobrevalorizando-se, rejeitou a afeição de Eco. Esta definhou restando-lhe apenas a voz, que repetia as palavras finais dos outros, dificultando-se assim, ainda mais o diálogo entre os dois. A deusa Nemésis aplicou um castigo a Narciso, condenando-o a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco.
Encantado consigo próprio e indiferente a tudo, não se conseguiu afastar do seu reflexo. Acabou por morrer de inacção. No local nasceu a flor chamada narciso.
A referência a esta atitude narcísica dirige-se ao egocentrismo para a auto-representação.
“Private Eye” em inglês significa detective privado, diz-se detective privado (à letra, “olho privado”, ou seja, aquele que “espreita”)» «...o olho do homem que projecta o seu olhar para o mundo exterior e exige que o mundo se lhe revele.» Paul Auster (Trilogia de Nova Iorque) Esta parte do trabalho refere-se mais a uma tomada de posição dirigida ao observador que, inesperadamente, passa a observado. Pode também ser considerada uma crítica à situação voyeurista que se vive actualmente; à invasão de privacidade que, por vezes usa o pânico dos atentados, etc..., como desculpa. Para além destas motivações, esta atitude observadora da personagem que surge nas fotografias e no vídeo retrata-me com um maior grau de intimidade e semelhança.




Cloud Stories II







Título - Cloud Stories
Autora - Ana Neves
Técnica - Aguada e Esferográfica s/Papel
Data - 2007






segunda-feira, 25 de junho de 2007

Cloud Stories







Título - Cloud Stories
Autora - Ana Neves
Técnica - Esferográfica s/Papel
Data - 2006/2007




A minha intenção para o trabalho partiu da inspiração humana em ver coisas onde elas não existem. Passo a explicar e exemplificar:
Existe no Homem a necessidade psicológica ou capacidade criativa de atribuir formas concretas a imagens abstractas. Tem como tendência auto-projectar-se no mundo que o rodeia e reconhecer em algo aparentemente comum e banal imagens próprias. Isto acontece quando um observador contempla um quadro abstracto e “vê” nele figuras humanas ou quando alguém reconhece, por exemplo, rostos nas nuvens.
O meu método de trabalho perante este assunto partiu de uma recolha de elementos fotográficos, cujas imagens foram usadas como estímulo ao surgimento do desenho.
Desta forma, estou também a dar continuidade a um género de desenho relaxado e quase inconsciente que me tem vindo a interessar ao longo do meu percurso individual – os doodles. Esses desenhos surgem do aborrecimento e da tentação do papel, por exemplo à beira do telefone, que induz ao acto de riscar alheadamente.
Os desenhos resultantes de todo este processo pretendem, por sua vez, estimular a imaginação do observador, levando-o a criar a sua história.



sábado, 16 de junho de 2007

Exposição Itinerante II (work in progress)







Título - Exposição Itinerante
Autora - Ana Neves
Data - 2006/2007
Dimensões - variáveis

terça-feira, 29 de maio de 2007

Desvanecimento Memorial







Título: Desvanecimento Memorial
Autora : Ana Neves
Ano: 2007
Técnica: Técnica Mista em cortina de casa de banho
Dimensões: 184 x 172 cm






A obra utiliza como suporte uma cortina de casa de banho - rapidamente associada a hábitos quotidianos de higiene e de intimidade. Pretendi remeter o observador, para esse espaço de privacidade. Simultaneamente existe uma representação de outrém, feita através dos objectos a essa personagem associados. O aspecto mais caótico da superfície inferior, deve-se ao desvanecimento da pintura, por acção da água – metáfora para o desvanecimento da memória. A memória como evocação do passado, refere-se também à acção do Tempo sobre nós. Segundo Marcel Proust, a memória é a garantia da nossa identidade, uma vez que reúne o nosso passado ao que somos. É inseparável da consciência do tempo, da sua percepção como algo que escoa ou passa. O tempo implica sempre uma duração limitada, uma oportunidade de vivência. A memória e a própria criação artística são uma afirmação de existência.
A memória faz parte dessa consciência. Esquecer, é sempre perder alguma coisa. Por outro lado o esquecimento é também necessário ao equilíbrio psicológico. A memória é uma das formas fundamentais da existência humana, fundamental para a individualização e identidade.